Torcida fúnebre: a Covid-19 e seus aliados no Brasil

Dr. Luiz Ovando (*) em 18/03/2021

O Brasil parece ser o único país no mundo em que a Covid-19 tem torcida a favor. Em 16 de março, a nação atingiu número triste de mortes em um só dia: 2.841 vidas perdidas. Enquanto em vários países o conjunto da sociedade se une para combater o inimigo comum do século XXI, aqui, parte da oposição ao presidente da República, setores da imprensa e militantes da esquerda juntam-se ao coronavírus. 

Quanto mais mortes, mais se potencializa o discurso fúnebre daqueles que esperam o vírus derrotar o país para – “se Deus quiser” (no linguajar de muitos) – derrubar Jair Bolsonaro. Acredite! Há quem torça pela doença: que ela destroce nosso povo e leve nossa economia à bancarrota.

Ao mesmo tempo, essas forças têm levado pânico diário à população. A torcida da Covid-19 faz pior: esconde os fatos, como quando deixa de anunciar que a Europa vive situação idêntica, com o sistema de saúde entrando em colapso. Aumento lá e cá de novos casos. As mortes igualmente. 

Por lá, no entanto, há debates públicos sobre a melhor forma de combater o coronavírus. No Brasil, são sufocados. Daí a profusão de informações distorcidas sobre uma única solução, negando a eficácia de medicamentos com preços populares. Esses, se adotados no tempo certo, poderiam ter minimizado o sofrimento de milhões de famílias e poupado milhares de vidas. Ainda há tempo. 

Outro fato esquecido por memórias seletivas: o Decreto presidencial de 4 de fevereiro de 2020, que autorizava medidas de restrição e aquisição de equipamentos de proteção individual, mesmo sem confirmar um único caso de coronavírus, foi negligenciado por governadores e prefeitos. O Carnaval de 2020, por exemplo, estimulado por Estados. 

Com a confirmação dos primeiros casos, estabeleceu-se o fechamento precipitado de cidades por longos períodos, levando descrédito à sociedade, em razão dos poucos resultados práticos alcançados. 

A população, impaciente, descuidou-se. Aglomerações desnecessárias e festas impróprias voltaram a ser promovidas irresponsavelmente. Ambiente perfeito para a contaminação de milhões de pessoas. 

A Covid-19 tem causa, prevenção e tratamento. A prevenção se resume a barreiras físicas, expressas por máscaras, higienização das mãos – e, se puder, do corpo todo – além do distanciamento das pessoas. É um vírus de transmissão direta e indireta. 

Outra forma de prevenir a doença está materializada na vacina – medida sanitária mais eficaz há 225 anos, quando o médico inglês Edward Jenner imunizou o primeiro paciente. Houve corrida implacável, em busca do domínio técnico-científico. Para que as vacinas possam ser oferecidas à população, é preciso razoável período de estudos e testes. 

Logo, o tratamento mais adequado, nessas condições, é através de medicamentos baratos, mas demonizados, como Cloroquina, Hidroxicloroquina, Ivermectina e Nitazoxanida, Vitamina C, D e corticosteroide. Medicamentos antivirais, diga-se, reconhecidos há 52 anos.

Além disso, nos últimos dez anos houve redução de leitos hospitalares por governos anteriores que, quando comparados aos da Espanha, por exemplo, chega a um déficit de mais de 300 mil leitos. 

São vários os motivos de tantas mortes, a começar pela má fama das barreiras sanitárias físicas, as quais têm-se mostrado ineficazes. Há também necessidade premente quanto à locomoção dos trabalhadores todo dia, que precisam recorrer a ônibus e trens lotados, condutores vorazes de vírus, especialmente nos grandes centros. E ainda – insisto – o negacionismo irresponsável dos remédios que funcionam, a exiguidade da vacina para atender a alta demanda e, por fim, a mutação viral.

Os leigos – incluo a série de curiosos que surgiram na esteira pandêmica, com espaço na grande mídia, espalhando orientações equivocadas – negam-se a entender que os remédios agem nas células, preparando-as para combater o vírus. E as vacinas, por sua vez, dependem da persistência da autenticidade viral que, por ser elemento vivo, adapta-se às adversidades e muda suas características genômicas, tornando-as ineficazes. 

Daí, a importância do tratamento precoce medicamentoso, negligenciado por muitos profissionais, em razão de posições políticas e ideológicas, forçando argumentos para ter fama momentânea na TV, alinhando-se aos desejos de certos grupos de comunicação, que os vendem aos seus telespectadores. No Brasil, a Covid-19 tem torcida a favor, até em horário nobre. Triste constatação. 

(*) Médico há 45 anos (cardiologista, intensivista, geriatra, médico do esporte) e deputado federal por Mato Grosso do Sul

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