Reflexões sobre a relação médico-paciente e o SUS, por Dr. Luiz Ovando

O SUS foi concebido em resposta ao Art 196 da CF mas se esqueceram de preservar o fundamento da medicina, a relação médico/paciente. Todos os demais programas como a RUE (Rede de Urgência e Emergência), Rede Cegonha e dos Medicamentos tiveram sucesso. 

O SAMU atende com eficiência a grande parte do  território Nacional e é um serviço que se enquadra bem no sistema de plantão e precisa estar qualificado para exercê-lo. Ninguém trabalha na urgência sem ter experiência ou ter feito curso intensivo de fim de semana de ATLS ou mesmo ACLS ou ainda seus congêneres pediátricos ou obstétricos. 

O serviço de transplante do SUS é de excelência. O  único programa que não atende a demanda em termos de eficiência é a ESF ( Estratégia de Saúde da Família) e o Atendimento primário em Saúde ou Atenção Básica que é feito nas UBSs. 

Todo mundo fica tranquilo e sereno porque as  doenças do atendimento primário não matam, 80% delas são autolimitadas e saram sozinhas.  As 20% restantes precisam de ação efetiva  mas não têm e, complicam indo aos hospitais sobrecarregando as UTIs sem identificação do real problema que levou àquela situação. 

Aqui falta a política de base resolutiva que é a qualificação do clínico para diagnosticar com precisão e tratar com diligência evitando as complicações. Não sei se é a melhor estratégia o que Bolsonaro propôs através do decreto presidencial mas, tenho certeza que o modelo que aí está é um engodo e precisa ser reformulado. 

Gasta-se muito dinheiro com exames, encaminhamentos desnecessários e complicações evitáveis por despreparo do corpo clínico que não é qualificado à semelhança dos demais programas do SUS onde se encontra exímios profissionais. 

Algo precisa ser feito. Continuar desse jeito é que não pode. Está na hora de resgatar o fundamento da medicina que é o vínculo da relação médico/paciente que faz a diferença no tratamento mas, para tanto precisamos tirar o médico do anonimato, restituir-lhe a procura espontânea. Talvez assim possamos ter melhores resultados no atendimento primário. 

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